Projeto da UEMS promove encontro entre estudantes indígenas de MS e de países da Europa

Projeto da UEMS promove encontro entre estudantes indígenas de MS e de países da Europa

A atividade gerou intercâmbio entre conhecimentos envolvendo alunos brasileiros e europeus

AMAMBAI
Por:Imprensa UEMS 25/04/2024 14:46

O curso de Ciências Sociais da Unidade de Amambai, através do Tekove – Laboratório de Humanidades, projeto de extensão financiado com recursos do Edital Acelera UEMS/FUNDECT, promoveu, no dia 16 de abril, um encontro entre estudantes Kaiowá e Guarani e uma estudante do povo Sami, do território Sápmi, localizado no norte da Europa, que abarca Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia.

Estiveram presentes a jovem Sof' Elle Beaivvi Mira, Indígena do povo Sami, da região do Ártico da Finlândia, e o estudante de Mestrado da Unicamp, Luiz Medina Guarani, que a acompanha em visita a territórios Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul. A estudante também visitou outros povos indígenas no Brasil, acompanha as atividades do Acampamento Terra Livre, que acontece esta semana em Brasília e depois segue para o Peru. 

Mira é mestranda na Universidade de Oulu, Finlândia, tem formação em Jornalismo e atuou no Departamento Sámi na Companhia Finlandesa de Radiodifusão. Também foi estagiária na Universidade de Oulu, trabalhando com arquivos de Cultura Sámi e transcrevendo gravações antigas de áudios de seu povo.

Luiz Medina é integrante do povo Guarani, com formação em Administração Pública FCA/Unicamp. Atualmente está cursando mestrado em Sustentabilidade e Proteção Social pelo ICHSA/Unicamp no Laboratório de Economia e Gestão, desenvolvendo pesquisa voltada aos estudos da Transição Energética, Desenvolvimento e Comunidades Tradicionais. Esteve como Pesquisador Visitante Convidado no IFCH/Unicamp onde é vinculado ao projeto de pesquisa EKOLOGOS na Uit - The Arctic University of Norway, projeto de triangulação Brasil, Índia e Noruega com os temas: mudanças climáticas, parlamentarismo indígena no Ártico, abordagem crítica à transição energética, antropologia visual, sociologia, arte e educação. Luiz também foi estagiário da Comissão Assessora para Inclusão Acadêmica e Participação dos Povos Indígenas (CAIAPI) dentro da Diretoria Executiva dos Direitos Humanos (DeDH) da Unicamp. É vinculado ao Ceape/FE/Unicamp onde fez parte da equipe de organização do banco de dados OBIQUES como pesquisador de IC/FAPESP. Esteve bolsista de IC/CNPq vinculado ao projeto - Afetos e visibilidades comparados: Imaginário e lugar das imagens em narrativa teatral e cinematográfica (Chile-Brasil 1990 - 2010) - do grupo de estudos Humor Aquoso FE/Unicamp quando desenvolveu o projeto Cinema Indígena: Arte e Educação.

E foi em intercâmbio na Noruega, em 2023, que Luiz visitou os territórios Sápmi e o povo do qual Mira faz parte.

A conversa entre a estudante Sámi e os estudantes kaiowá e Guarani aconteceu a partir do tema da educação, dos direitos e da cosmovisão indígena. Em contextos históricos e geográficos específicos e diversos, algumas questões e preocupações são as mesmas: o impacto da colonização, a luta por direitos, reconhecimento e representatividade política, a preocupação com as questões ambientais e o futuro do planeta, cosmologias e modos de viver, a presença indígena na universidade, valorização dos conhecimentos e línguas indígenas em todos os níveis educativos. 

A professora Katiuscia Moreno Galhera e Luiz Medina atuaram como tradutores no encontro, traduzindo a conversa entre falantes de várias línguas. Mira falou em inglês e os estudantes kaiowá e guarani em português. 

Celuniel Valiente, Kaiowá, egresso do curso de Ciências Sociais, doutorando na USP e atualmente professor contratado atuando no curso de Ciências Sociais participou do encontro. Também esteve presente Ethol Exime, professor haitiano, naturalizado brasileiro, que atua como professor contratado no curso de Ciências Sociais em 2024.

Não estamos “presas” em uma casca de noz, ainda que possamos usar a metáfora de Stephen Hawking em livro de título parecido - “O universo numa casca de noz”, para relativizar perspectivas e dimensões referentes ao local, o global e o universal. A riqueza do intercâmbio entre conhecimentos e povos se expressa nas fronteiras, espaço de internacionalizações por excelência, em mundos a entrelaçar.